Prémio Camões 2006 atribuído a José Luandino Vieira. |
terça-feira, maio 23, 2006 |
José Luandino Vieira granjeou o Prémio Camões 2006 , sendo o terceiro autor africano distinguido com este importante prémio. Os outros foram em 1991 o moçambicano José Craveirinha e em 1997 o angolano Pepetela.
Biografia de José Luandino Vieira. "Poeta, contista, tradutor, de seu nome completo José Mateus Vieira da Graça, nasceu em Portugal, em Vila Nova de Ourém em 1935. Foi com três anos de idade para Angola e fez os estudos liceais em Luanda, cidade onde seguiu a carreira comercial, tendo chegado a gerente de uma empresa. Adotou o nome Luandino em homenagem à capital angolana. Preso em 1961 por alegadas ligações ao MPLA, foi em 1963 desterrado para o Tarrafal, Cabo Verde, donde voltou a Lisboa apenas em 1972 para aqui viver em regime de liberdade condicional e de residência fixa, regressando a Angola em 1975. Durante a sua estada em Portugal trabalhou numa editora e exerceu actividade como tradutor. A sua estreia literária foi feita na revista Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império de Lisboa, em 1950, tendo colaborado nesta revista em anos posteriores (1961-1963) e ainda em O Estudante (Luanda, 1952), Cultura (Luanda, 1957), Boletim Cultural do Huambo (Nova Lisboa, 1958), Jornal de Angola (Luanda, 1961-1963), Jornal do Congo (Carmona, 1962), Vértice (Coimbra, 1973) e Jornal de Luanda (1973 - ), entre outros. Já com vários prémios literários - Sociedade Cultural de Angola (1961), Casa dos Estudantes do Império de Lisboa (1961), Associação dos Naturais de Angola (1963) e "Prémio Mota Veiga" (1963) - foi-lhe atribuído em 1965 o "Grande Prémio de Novelística" da Sociedade Portuguesa de Autores pelo seu livro Luuanda, facto que levou à destruição e posterior ilegalização daquela Sociedade. Poeta e, em especial, contista, não é despicienda a sua actividade de tradutor. Em 1973, durante a residência fixa que cumpriu em Lisboa, traduziu o livro de Anthony Burgess A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), trabalho que evidencia extraordinárias qualidades de logoteta que tão salientes são nas suas estórias de ambiente suburbano angolano e até também nalguns dos seus poemas. Usou os nomes Luandino Vieira, José Graça e José Muimbu."1 1in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999 Foto Bibliografia do Autor :
- A cidade e a infância (Contos), 1957
- A vida verdadeira de Domingos Xavier (Novela), 1961
- Duas histórias de pequenos burgueses (Contos), 1961
- Luuanda (Contos), 1963
- Vidas novas (Contos), 1968
- Velhas estórias (Contos), 1974
- Nós, os do Makulusu (Romance), 1974
- Duas estórias (Contos), 1974
- No antigamente, na vida (Contos), 1974
- Macamdumba (Contos), 1978
- João Vêncio. Os seus amores (Novela), 1979
- Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & eu (Contos), 1981
- Estória da baciazinha de Quitaba (Conto), 1986
- Kapapa : pássaros e peixes, 1998
- À espera do luar, 1998
- Nosso Musseque (Romance), 2003
Nota : José Luandino Vieira entendeu recusar este prêmio. |
Link do post - publicado por fernando_vilarinho @ 03:03:00 |
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4 Comentários: |
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Oi Fernando,
Soube do Prêmio Camões, mas é mais um escritor que eu não conhecia. E olha que eu me esforço correndo atrás do que me interessa.;) Ainda bem que existem prêmios como o Camões para "popularizar" a literatura. Que vida riquíssima ele teve ao longo destes anos. Viver assim vale mesmo a pena!
Há coisas que entendo, mas não compreendo. Vivemos num mundo altamente tecnológico e por isso mesmo, globalizado já há muitos anos; com tanta facilidade no imediatismo das notícias, onde o uso da tecnologia é cada vez mais popular. Porque a literatura, em todas as suas vertentes, parece-me ainda possuir um caráter tão elitista? Tão fora do alcance da maioria?
Para teres uma idéia, o porteiro e os faxineiros do meu prédio - aqui sempre foi muito comum os edifícios terem porteiros, diferentemente da Europa - todos têm telemóvel e outros aparelhos eletrónicos. Até aí, nada demais...eles têm todo o direito. São novinhos, entre 20 e 27 anos no máximo. Mas apenas um deles gosta e lê jornais. Ouvi, dia desses, ele elogiar a Folha de S.Paulo a um de meus vizinhos. E também é o único que está estudando para tentar cursar uma Universidade. Ou seja, o cara gosta de ler e é minoria em pleno séc. 21. Não é uma grande loucura?! Eu, não entendo...
bai bai
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Olá, mais popular fica o autor, pelo facto de ter recusado o prémio!!!
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Oi Cris!
Também conheço muito mal a obra dele. E eu nasci em Luanda!!! ;-( Mas era um escritor que há muito queria arranjar um bom fundamento para deixar um tempinho para lê-lo melhor e o prémio, se bem que esperado, é um óptimo pretexto. Penso que o Prémio Camões surge em boa parte pelo facto de os autores da ' literatura Portuguesa à época todos os anos passarem pela angústia de nenhum lusófono obter um Nobel, e perspectivar-se que alguns gigantes já não o atingiriam mais. Assim, criou-se um prémio intermédio para que (sobretudo) decanos como M. Torga, J. Amado, Vergílio Ferreira, João Cabral de Melo Neto, Craveirinha, Rachel de Queiroz, etc. pudessem granjear um prémio consentâneo ao seu estatuto. Mas os portugueses quase que esgotaram os seus decanos e a partir de agora vai ser bem visível o domínio dos brasileiros.
Relativamente à leitura, ela exige bastante disponibilidade de tempo, pelo menos mais tempo, e é uma actividade mental de maior esforço.. Aqui pode-se ler mais, mas é mais jornais desportivos, revistas cor de rosas e best-sellers. Bem, já não é mau! Acho que a motivação dos indivíduos para a Leitura tem muito a ver com prática global da sociedade. Se é um hábito generalizado ( e enraizado) sociedade brasileira ler pouco isso induz a pessoa (individual) tb a ler menos. E o inverso tb ocorre. Mas aqui tb é por ciclos: romance histórico e cor-de-rosa, jornais para as massas e revistas cor-de-rosa ainda revelam-se fenómenos um pouco recentes e têm atraído à leitura nos últimos anos. Mas deixa os telemóveis e PDA´s terem melhores vídeos e net que já ‘ninguém’ vai querer ler mais! E ler ainda é em muitos casos um certo luxo, privilégio.
bai-bai
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Olá Teresa! eu penso que neste caso a sua recusa não irá afectar muito a sua popularidade: -por ser pouco conhecido. -por já serem tantos os escritores que recusaram prémios de vária índole. - e pq não tb por não escreve esses romances históricos-vale-tudo que continuam bem na moda, pejados de erros históricos, geográficos, sociológicos,...
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Oi Fernando,
Soube do Prêmio Camões, mas é mais um escritor que eu não conhecia. E olha que eu me esforço correndo atrás do que me interessa.;) Ainda bem que existem prêmios como o Camões para "popularizar" a literatura. Que vida riquíssima ele teve ao longo destes anos. Viver assim vale mesmo a pena!
Há coisas que entendo, mas não compreendo. Vivemos num mundo altamente tecnológico e por isso mesmo, globalizado já há muitos anos; com tanta facilidade no imediatismo das notícias, onde o uso da tecnologia é cada vez mais popular. Porque a literatura, em todas as suas vertentes, parece-me ainda possuir um caráter tão elitista? Tão fora do alcance da maioria?
Para teres uma idéia, o porteiro e os faxineiros do meu prédio - aqui sempre foi muito comum os edifícios terem porteiros, diferentemente da Europa - todos têm telemóvel e outros aparelhos eletrónicos. Até aí, nada demais...eles têm todo o direito. São novinhos, entre 20 e 27 anos no máximo. Mas apenas um deles gosta e lê jornais. Ouvi, dia desses, ele elogiar a Folha de S.Paulo a um de meus vizinhos. E também é o único que está estudando para tentar cursar uma Universidade. Ou seja, o cara gosta de ler e é minoria em pleno séc. 21. Não é uma grande loucura?! Eu, não entendo...
bai bai